sexta-feira, 23 de maio de 2014

Assinado compromisso por trabalho decente na Copa

“O trabalho decente acontece quando você é adequadamente remunerado, trabalha em condições de liberdade, segurança, equidade e sem discriminação. Com ele, é possível superar a pobreza e reduzir as desigualdades sociais para uma vida digna”.

Com a definição do que é o trabalho decente teve início a solenidade de lançamento do Compromisso Nacional para Aperfeiçoar as Condições de Trabalho na Copa do Mundo da FIFA Brasil 2014, no Palácio do Planalto, na quinta-feira, 15 de maio. O documento tem como objetivo garantir a quantidade e a qualidade dos empregos e foi assinada portaria interministerial pela Secretaria Geral da Presidência da República e pelos ministérios do Trabalho e Emprego e do Turismo.
O compromisso será efetivado em parceria com órgãos do Poder Judiciário, a Organização Internacional do Trabalho, o Fórum Nacional de Secretarias do Trabalho - FONSET, as centrais sindicais de trabalhadores e as confederações patronais. Nas primeiras horas após o lançamento, já haviam sido registradas 1.500 adesões ao termo e a expectativa é de que 6 mil empresas se comprometam. Será criado um comitê gestor em cada cidade sede dos jogos mundiais e deverá ser realizado, dia 3 de junho, um seminário com as entidades envolvidas para discutir a aplicação do acordo.
O ministro do Trabalho, Manoel Dias, disse que o compromisso ora firmado é consequência da Agenda Nacional pelo Trabalho Decente que tem, entre seus pilares, a geração de mais e melhores empregos e o fortalecimento dos atores na negociação tripartite. “Com este evento novas oportunidades e desafios se apresentam com relação às políticas do trabalho e proteção ao emprego”, afirmou.
“O legado da copa é nosso” - A presidente Dilma Rousseff destacou que o Brasil virou uma página em termos de trabalho formal e decente. “Em épocas passadas em nosso país, não tínhamos trabalho decente no Brasil. Qualquer emprego bastava, qualquer ocupação servia e, muitas vezes, as pessoas viviam do trabalho informal, daquilo que no nosso país se chama de “bico”. Conseguir um trabalho com carteira assinada era uma raridade. O desemprego era uma ameaça permanente e constante. Hoje, exibimos as mais baixas taxas de desemprego do mundo e, sem dúvida, na nossa história”.Ela apontou como novos desafios a qualificação, para garantir que os empregos sejam baseados no trabalho decente e para gerar, cada vez mais, uma apropriação maior da renda.
 “Hoje é um dia especial”, destacou Dilma Rousseff, explicando que o Brasil coloca no centro da Copa do Mundo a questão do trabalho decente. “A Copa do Mundo é um momento especial, no qual você mostra para o mundo os passos importantes dados pela sociedade brasileira, no que se refere ao que há de mais importante para milhões e milhões de homens e mulheres espalhados no mundo”.
Para a presidente, nos últimos anos, o Brasil andou contra a corrente do que acontecia internacionalmente: “enquanto o resto do mundo desempregava, priorizava a redução da jornada de trabalho e dos direitos trabalhistas, temos uma situação diferenciada, com as menores taxas de desemprego do mundo, combinadas com uma cultura de negociação”.
Tripartismo - O presidente da Nova Central Sindical de Trabalhadores, José Calixto Ramos, ressaltou a importância do momento e da negociação tripartite. “Antes, os dirigentes sindicais não tinham aproximação com os empresários para buscar uma solução conjunta para os conflitos do mundo do trabalho. Hoje, vejo com satisfação o trabalho coordenado de forma a superar as divergências entre patrão, empregado e governo”.
“Muitas das questões incluídas no documento fazem parte da cidadania e para as quais não precisaria nem assinar termo de compromisso”, avaliou o secretário-geral da Nova Central e presidente da Confederação nacional dos Trabalhadores em Turismo e Hospitalidade - CONTRATUH, Moacyr Roberto Tesch Auersvald. A entidade participou ativamente das negociações que levaram à construção do termo de acordo com governo e empresários.
A diretora da OIT no Brasil, Lais Abramo, avaliou que a assinatura do compromisso específico para a copa mundial é um marco histórico. “A ideia de colocar o trabalho decente no centro da copa significa reforçar o combate ao racismo, a luta pela paz nos estádios e é a via fundamental para a plena cidadania. Não devemos esconder os problemas, mas enfrentá-los no diálogo, e esse compromisso mostra a maturidade da sociedade e dos atores que construíram essa agenda preventiva e propositiva, tendo o turismo como papel chave na busca do trabalho decente, com liberdade e segurança”.
Empregos de qualidade - Segundo o documento, que terá vigência até 31 de agosto de 2014, “a visibilidade nacional e internacional que esses eventos (jogos da copa) terão, em especial nas doze cidades sede, seu entorno e cidades vizinhas, deve ser vista como oportunidade para potencializar o alcance das ações que já vêm sendo executadas no âmbito do Plano Nacional de Emprego e Trabalho Decente”.
O documento prevê que o Ministério do Trabalho, o FONSET e órgãos e entidades envolvidas se comprometem a tomar medidas para, por exemplo, assegurar o respeito aos direitos fundamentais no trabalho estabelecidos pela legislação brasileira e pelas convenções da OIT ratificadas pelo Brasil. E também para prevenir e impedir o uso de trabalho forçado e infantil; o tráfico de pessoas para fins de exploração laboral e sexual, na produção dos bens e serviços relacionados ao evento esportivo; e a exploração sexual de crianças e adolescentes.
O compromisso envolve, ainda, a promoção da saúde e segurança no trabalho; de iniciativas para transformar em empregos permanentes e formais as ocupações temporárias; e de iniciativas de associações e cooperativas da economia solidária e de catadores de material reciclável. E também articular a oferta de cursos de capacitação; respeitar e implementar acordos tripartites e mesas de diálogo no âmbito da Secretaria Geral da Presidência da República e do Ministério do Trabalho.
Além dos órgãos do governo, assinam o compromisso o Tribunal Superior do Trabalho, o Ministério Público do Trabalho, a Organização Internacional do Trabalho, o Fórum Nacional das Secretarias Estaduais do Trabalho, as centrais Nova Central, CUT, UGT, CTB, CGTB e Força Sindical, e as confederações patronais da Indústria, Comércio, Turismo, Serviços, Transporte, Agricultura, Sistema Financeiro e de Cooperativas.

Fonte: NCST